A Marginalização dos Ritmos Periféricos
A criminalização da música periférica segue um padrão histórico no Brasil. No início do século XX, o Samba foi fortemente reprimido, seus músicos perseguidos e suas rodas proibidas pela polícia. A Capoeira, que hoje é considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, foi tratada como crime até 1937. O Rap, desde sua ascensão nos anos 1990, enfrentou resistência devido ao seu discurso de denúncia social e à sua conexão direta com as realidades da periferia.
O funk, se tornou o novo alvo dessa repressão, sendo frequentemente associado ao crime, à violência e à degradação moral. Apesar de ser um dos gêneros mais populares do Brasil e movimentar bilhões na indústria musical, o ritmo ainda enfrenta preconceitos e dificuldades para ser reconhecido como uma manifestação legítima da cultura nacional. A imposição de leis que vetam a contratação de artistas sob a alegação de "apologia ao crime" reforça esse ciclo de exclusão.
A seletividade dessa repressão é evidente. Outros gêneros musicais, como o rock e o sertanejo, que também abordam temas como violência, sexo e drogas, não enfrentam o mesmo nível de censura e proibição. Isso escancara um viés de classe e raça, onde a música produzida nas periferias – em sua maioria por artistas negros e pobres – continua sendo vista como uma ameaça.
Mais recentemente, a chamada "Lei Anti-Oruam" reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão na música e a seletividade da repressão estatal.
Voce sabe o que é a Lei Anti-Oruam?
A "Lei Anti-Oruam" ganhou repercussão nacional após projetos de lei em diversas cidades e estados brasileiros proporem o veto à contratação de artistas que supostamente fazem apologia ao crime. Embora não mencione diretamente o rapper Oruam, o projeto é uma extensão da "Lei Antibaixaria", sancionada na Bahia em 2012, que proíbe o uso de recursos públicos para contratar artistas cujas músicas incentivem a violência ou exponham mulheres a situações de constrangimento.
A versão mais recente da lei, sancionada em Salvador desde 2019, impede que a prefeitura contrate artistas que façam qualquer apologia ao crime ou incitem violência, incluindo contra mulheres. O nome de Oruam foi associado à proposta devido à sua conexão familiar – ele é filho de Marcinho VP, traficante condenado – e à sua manifestação pública em defesa do pai.
O você, o que acha dessa lei? O Estado deve determinar quais vozes podem ou não ser ouvidas? O funk e outros gêneros periféricos estão sendo censurados ou isso faz parte de um esforço legítimo para combater a violência?
Para trocar essa ideia sobre como a música periférica segue sendo marginalizada e, ao mesmo tempo, se fortalece como um dos maiores instrumentos de resistência e transformação social, Sistah Chilli e Mana Bella compartilham suas trajetórias, os desafios de ocupar espaços na cena musical e o impacto da arte na luta por direitos
Sons Periféricos: A Música Como Voz da Resistência
A música periférica sempre foi um grito de resistência e identidade e no oitavo episódio do videocast Mana a Mana, Sistah Chilli e Mana Bella compartilham suas trajetórias e falam sobre o impacto da música na vida de quem nasce e cresce nas periferias.
Sistah Chilli, expoente do Reggae Nacional, e Mana Bella, cantora e MC que une arte e ativismo, contam como enfrentaram desafios para conquistar espaço na música, o papel da arte na luta por direitos e como os ritmos periféricos estão quebrando barreiras e ganhando reconhecimento dentro e fora do Brasil.
📌 Dê o play e participe desse debate! O episódio já está disponível no YouTube e Spotify. Queremos saber a sua opinião!
Equipe:
Direção Executiva: Ju Salty
Produção, roteiro e curadoria: Ju Salty
Direção Técnica (captação/ edição / Reels ) : Rodney Suguita
Designer gráfica: Lu Salty
Vinheta: Lu Salty
Designer gráfica: (flyers) Maravilha
Trilha sonora vinheta: Rafa Jazz
Marketing Digital: Ju Salty
Assessoria de imprensa: Kelly Santos
Tradutora Libras: Karina Oliveira e Thalita Passos
Apresentação: DJ Carlu
Agradecimentos: o Governo do Estado de São Paulo, a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, o Governo Federal, o Ministério da Cultura e a Lei Paulo Gustavo de Incentivo à Cultura.
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